Conhecido para alguns também como projeção, essa palavra define bem um conceito e comportamento interno presente constantemente em nossas vidas. Basicamente é a capacidade da criança emocional, ou nossa parte ainda imatura, de criar esperança e expectativa demasiada em alguém.
Todos fazemos isso, em maior ou menor grau, a todo instante. Com um novo amor, um professor, um amigo, um guru etc. Fantasiamos achando que aquela pessoa é perfeita, sem defeitos, nosso inconsciente faz isso e mal percebemos.
Cedo ou tarde você se desaponta e se percebe em outro local, muitas vezes 100% do outro lado, por um momento achando aquela pessoa a pior do mundo.
Alguns pontos devem ser discutidos com relação a isso. O primeiro é a nossa inabilidade de lidar com as expectativas e a frustração. O segundo é que o comportamento de mistificação muitas vezes vem de um lugar interno profundo e de difícil acesso conectado com a necessidade de ser salvo.
De que algo ou alguém vai surgir e salvar você de todas as sensações desagradáveis. Sua miséria interna, carência ou o que quer que seja. É difícil admitir esse lugar. Ele é coodependente, infantil e frágil, tudo que nos foi ensinado a evitar. Nosso “juiz interno” não aceita e não dá espaço para acessa-lo de forma genuína.
Um terceiro ponto é a dificuldade de conectar com a realidade de fato, existem erros e acertos, defeitos e qualidades. A bolha interna da criança acredita sempre no 100% ou no 0% e enxerga a realidade a partir desse lugar. Eu insisto bastante na prática do container, a habilidade de ficar com a frustração e perceber as feridas originais por de trás dela, isso traz luz para a situação e o que eu chamo de “despersonalização” da emoção. Separar o objeto de dor dos sentimentos, diminuindo a identificação com a vítima, aumentando a conexão com a realidade.